quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Sons do coração, reencontro.






 ... chuva forte na madrugada
insonia  pra acompanhar
olhava da janela da sala
estranhando  a visão
água é o que não falta
emoção pra  limpar
sentei-me no balanço
tentando respirar
o melhor que podia
e resolvi lhe falar
afinal como seria sem ter com quem  negociar
do sentido amplo ao
mais tolo papel que faço
percebo  quanta água  pra rolar
sensação que nada em mim
tem meu lugar
lembrei do avô que sereno sabia
todas as coisas contornar
também empreender e tudo fazia
era o único a me observar
brincava quando podia
sabia  encantar e ir além
então pra acreditar  em mais do que
tecnologia pode  alcançar
o som da chuva
tecla a saudade
que o universo sabe decifrar
talvez o baile que
nunca  dançamos juntos
talvez uma maneira de pensar
que registre além do tempo
amizade sadia e  forte pra tudo poder abraçar
sem tempo, nem hora
enfim  sem terminar
porque é isto que ensina
em qualquer tempo
em qualquer lugar
sobre a luz que imprime
vida direto em cada olhar
mas eu não teria
como  dizer a  mais ninguém
pois  seria como  precisar calar
todas as frases ou ainda
ter que dar  outro sentido
ficaria reprimido
se  tivesse que explicar
porque contigo falo
porque contigo  é melhor
qual é a sensação que tens?
não me conhece tão perto
porém é adiante
que tudo parece começar
inquietude
no silencio da pequena  gota que ainda luta
sem som e sem choro
eis, que o que passa
é o que permitimos passar
recomeços e algum sonho
feito criança que vibra e descobre
o dia pra acordar
confiante  que chuva passa
que tudo tem graça
num mundo a transformar
segue, sorri, brinca
afinal  o sonho de crescer
é tão forte e intenso
tudo pode crer  e vencer
enfim... menina ou menino
precisa saber  viver
sem rima e sem voz
criando um novo eco
pelos acordes do coração
tomara que teu Amor
e teu imenso carinho
guarde  instrumento em códigos
acorda menino
dorme tranquilo
percebe que o criar
é permissão da alma
nenhum outro conhece
o melhor caminho
deste sentimento que ecoa
há algo a mais a ser visto
sou eu a avô e ele o menino
instalado no tempo reverso
no verso que   refino
ser canal entre distâncias
que comprovem existir
não o que era ou será...
 nem afora, sequer antes
de tudo começar
gotas do universo
pra Tu brincar
do luso ao ilusório
este avô também sabe reinar
e não haverá mistério
que se consiga decifrar
sem saber que amor
que veio ao mundo
é pra nele VIVIFICAR.
brinquedo de letras
interessante pra se fazer saldar
tempos em tempos os débitos
vãos em vãos os créditos
entre mãos em acréscimos
um cumprimento a lembrar
em que terra nasce a esperança
em que mar tem a ausência da lua
em que arte esta arte perpetua
qual registro de nome pra dar
são as gotas do oceano
transcendentes entre mares
marés de todos os tempos
ventos que se cruza em pensamentos
tudo que a contornar em vida
transpor experiências em telas
sabendo que o que  se solta
pode bem seguir sem volta
e voltando não está mais no lugar
recriando  o traço e o ponto
o ponteiro e números de contar
conta a história navegante
pra outro dia radiante
poder despertar
assim brinca a criança
espreando te encontrar
num desenho todo curvado
traço espalhado e enroscado
quem mais vai poder copiar
era uma vez
uma menina
que sabia sonhar
fósforo aceso grudava
e magia estava a brilhar
tinha amigo invisível
pra poder conversar
se não é Tu
quem a mais pra navegar.
cole a fusão quente
ela não te desgruda mais
mas aponta a direção
do teu coração
...
Criança indo embora...